terça-feira, 18 de setembro de 2007

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA Segunda-feira, 17 de Setembro de 2007.

Dia de sol, vento, frio.

Ao chegar, havia três chocolates bis jogados na nossa instalação.

Limpar, organizar, libertar nossos passarinhos/cds para serem ouvidos. Seriam os disc-men, disc-birds?

Deixo a cena pronta, enquanto o Beto segue seu ritual de escutar a canção e regular os volumes. Só agora dou-me conta de que, acabamos dividindo as tarefas de acordo com as nossas áreas: eu, o visual, ele, o som.

.Tomamos nosso leite achocolatado de caixinha e pães de queijo, o shopping está bem pouco movimentado.

A sensação já é quase a de estar em casa... Já não nos importa nem um pouco os olhares.

Uma ligação nos dá uma notícia muito feliz: falaremos do nosso trabalho na TVE, mais uma vez.

Enquanto a manhã passa, tranqüila como são as manhãs de segunda no shopping, fazemos planos para o COQUETEL-SHOW DE ENCERRAMENTO do nosso LAR DOCE LAR. Sinto, pela primeira vez, um gosto de saudade.

13h30. O Beto sai para buscar o nosso almoço, no restaurante de sempre, fora do shopping. O movimento já é bem maior. Pessoas que vêm almoçar. Ele chega e temos que fazer toda uma manobra para que os visitantes não vejam as “quentinhas” que, esteticamente, não condizem com a realidade dos nossos personagens, definitivamente. Servimo-nos atrás da porta do criado mudo, quase dentro dele, num ato de contorção, habilidade e destreza surpreendentes. E comemos, com nossas expressões de quem está degustando o mais fino banquete em Paris. Passam os executivos apressados. Passam, passam, passam. Poucos páram. Os que páram, ouvem, riem. Parece que este público, especificamente, busca somente o riso. A reflexão, provavelmente, os cansa.

A tarde foi terapêutica. Enquanto as pessoas passavam, vez ou outra parando para escutar a canção, nós dois conversávamos assuntos profundos, análises de nós mesmos. Houve momentos em que estávamos imersos nas profundezas das nossas almas e tínhamos que voltar à superfície para responder alguma pergunta insistente sobre a obra.

Hoje é o dia em que eu, Cláu, saio um pouco mais cedo para a minha aula prática de aquarela. É sempre difícil sair daqui antes do horário de término. O corpo vai, mas a mente fica.

“Lar Doce Lar. Pode falar com ele!” Diz um homem, para um casal que está junto. No entanto, os três partem sem ouvir ou falar.

“Poderia ficar aí sem a informática?”

“Tem alguma relação com o quarto do Mário Quintana?” O Quarto do Mário Quintana é uma réplica do quarto onde ele viveu seus últimos anos, e se encontra na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre. Refletimos sobre a comparação e é interessante traçar um paralelo: é possível que haja coisas em comum com o quarto do poeta. E há diferenças que deixam claras as mudanças ocorridas: no quarto de Quintana, há uma máquina de escrever, aqui o computador. O quarto de Quintana é livre de grades, o nosso é uma jaula. E tantas outras sutilezas... Há tanto a pensar quanto a isso...

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