Sol lá fora. Na rua, temperatura média. Aqui, movimento regular.
Ao chegar no shopping, uma surpresa com relação à obra da artista Kátia Costa: o Cofre. Havia pessoas filmando um clipe musical, dentro da obra, sem a autorização da artista que, por um quase acaso, apareceu no exato momento em que tudo acontecia. Resolvida a situação, a artista tendo dado a permissão para a filmagem, fica a questão do direito sobre a obra. A propriedade intelectual. Podem as pessoas usufruir uma obra dessa forma, sem ao menos comunicar ao criador da mesma? Seria um sintoma da era da Internet, onde tudo é de todos?
...Enquanto conversamos com a artista, ela do lado de fora e nós dentro da nossa obra, pessoas param para ouvir o que estamos dizendo, como se já nos conhecessem, com a maior naturalidade. Já nem estranhamos mais, entendemos que tudo o que acontece nesse espaço é, de alguma maneira, arte.
Almoçamos tele-entrega de comida caseira das redondezas. O entregador trazendo a comida, uniformizado, é uma cena à parte.
A correria retornou às nossas vidas, mesmo aqui dentro. No início desse trabalho tínhamos um tempo que não passava, que precisávamos preencher para evitar o tédio. Agora, o dia é pouco para tudo o que planejamos diariamente. Resolvemos inúmeras questões de trabalho por e-mail e telefone. Estamos produzindo o show de encerramento do LAR DOCE LAR, que será aqui mesmo, no domingo, dia 30 de setembro, às 18h30. Recebemos duas redes de televisão hoje, que nos entrevistaram: a TVE e a Band. O dia passou voando. É como se a nossa rotina fora daqui tivesse invadido esse trabalho e, agora, somos ainda mais reais. Mais uma vez, tudo toma forma sem que possamos intervir.
Um visitante se aproxima para dizer que já foi assaltado cinco vezes, numa das vezes foi deixado nu pelos assaltantes, mas que se recusa a viver enclausurado, segue fazendo as mesmas coisas que sempre fez, indo aos mesmos lugares, vivendo do mesmo jeito.
O simpático jornaleiro que vem ao shopping para fazer entrega, de uns dias para cá, passa diariamente no nosso LAR para dar-nos um jornal de cortesia! Mais uma ação espontânea e imprevisível que se agrega ao nosso happening.
Tânia Carvalho veio nos visitar: “Já me falaram muito de vocês!”
Uma obra viva às vezes chama pelos amigos distraídos que passam sem ver: “Ei! Vem aqui ver a minha casa!”
Escada rolante lotada. Espectadores em trânsito. Olhares de espanto, sorrisos, estranhamento. Desconhecidos acenam.
O shopping devolveu nosso cão cenográfico, o Rex.
Um funcionário do cinema nos chamou de “os boa-vida do shopping”. Segundo ele, para os funcionários do shopping “estar aqui é moleza” e eles pensam que estamos ganhando muito dinheiro por esse trabalho porque, só assim, vale a pena.
“Eles moram aí, é a casinha deles!” Explica o pai ao menino.
Um comentário:
Sem noção...! Aliás, como a tal administração do centro comercial deixou um videoclipe ser produzido lá (eles não odeiam câmeras?) e numa obra sob a guarda deles?! E como essa produção (eram jovens ou adolescentes, né?) simplesmente se apropria do trabalho e produto alheio?? Sem-noção! Prá quê pensar?
Incrível a Kátia passar no momento!! E na opinião de vocês, vocês liberaraiam a gravação, depois de terem começado do modo que fizeram?
Epa, anunciem que a apresentação e encerramento será no dia 29!!
Oba, o Rex voltou!! Onde ele esteve?
Bah... ganhando muito dinheiro com a função... Nos revelem: quanto?! - Melhor, revelem a ele! :-)
Postar um comentário