sexta-feira, 7 de setembro de 2007

DÉCIMO DIA Quinta-feira, 06 de Setembro de 2007.

Percebo que o Beto está abatido. Emagreceu uns dois quilos desde que iniciamos o trabalho. Iniciamos o dia com a rotina de organização do espaço e nossa cena de café da manhã. Dou uma olhada nos e-mails... O Beto cochila. Estamos cumprindo uma jornada diária de doze horas... Mais uma hora de trânsito... Treze horas em função do LAR DOCE LAR. E é claro que as 24 horas do dia acabam sendo em função do trabalho, mesmo quando dormimos, porque temos ambos sonhado com isso também.

A primeira surpresa do dia foi a visita dos nossos “cumpadres” muito queridos, que vieram de Torres nos ver. Os amigos têm nos visitado com freqüência, inclusive os de outras cidades, para prestigiar nosso trabalho. No último final de semana também vieram nossos amigos de Pelotas. É sempre uma alegria ver os amigos e ficamos nos perguntando se não seria o caso recebê-los, como quem está, de fato, em casa. Mas optamos em mantermo-nos dentro da instalação e conversarmos através das grades, para não interferir no trabalho. No máximo, saímos nós, para um abraço naqueles a quem não víamos há muito tempo. LAR DOCE LAR é um trabalho que vai se caracterizando pela humanidade. Percebemos que, por vezes, precisamos sair de nossos personagens para, ainda assim, criá-los. Às vezes, nos assemelhamos a atores, que estão no palco, outras vezes, somos pessoas reais, vivendo cenas verdadeiras, da nossa realidade, em cena. E a nossa realidade passa a ser a performance.

“Se a gente não ouve a música, não consegue entender!” Diz uma espectadora. Nossa intenção não era explicar a obra através da música, mas que a música seja parte da obra.

Volto do mundo externo com uma caixa de comidinhas para alegrar o Beto, já o encontro bem melhor. O movimento do shopping está estranhamente fraco... Provavelmente por causa do feriado de 7 de Setembro, amanhã. Quando saio da “jaula” e encontro pessoas conhecidas, muitas perguntam o porquê de eu estar fora da “casinha”. O que, por si, já é engraçado, pois a expressão “fora da casinha” poderia ser aplicada quando eu estou aqui dentro, já que o artista, quando está em seu momento criador, está em outro nível de consciência, segundo Paul Valéry. Mas o fato é que, quando planejamos este trabalho, não tínhamos intenção alguma de participar de um desafio, um recorde, nada disso. Como já dissemos antes, a intenção é criar uma cena, reproduzir uma realidade, e isso não impede que saiamos quando muito necessário. A única condição que nos impusemos foi a de sempre haver um de nós presente na instalação e só sairmos quando estritamente necessário. A razão desta decisão é o fato de acharmos que a cena fica mais forte com a presença do casal, caso contrário, poderíamos muito bem estarmos nos revezando, o que muito facilitaria. Por sinal, apenas para constar como diário, hoje saí, das 14h30 às 17h30, para praticar serigrafia, no Instituto de Artes da UFRGS, e providenciar a documentação para a minha formatura em Artes, que acontece este semestre, após cinco anos de muito trabalho e esforço. Estou muito feliz!

Jantamos e seguimos nossas atividades noturnas... O Beto segue lendo um livro. Eu, atualizo fotos no nosso orkut, vejo e-mails, escrevo nosso diário.

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