sexta-feira, 7 de setembro de 2007

NONO DIA Quarta-feira, 05 de Setembro de 2007.



Uma professora leva as crianças para ver nosso trabalho e faz uma ótima mediação... Questiona as crianças sobre o que a obra as faz pensar... Sobre como estão vivendo, em suas casas...

Estou na árdua tarefa de passar a limpo coisas escritas, corrigir e publicar, tudo isso num computador e Internet lentos o bastante para enlouquecer uma pessoa. Mas poderia ser pior, já que há dois dias nem isso tínhamos...!

Seguimos nos surpreendendo com cada espectador que resolve interagir... Uma senhora que nos fala em pena de morte, controle de natalidade, todas estas questões polêmicas e importantes, que estão diretamente ligadas à questão de estarmos vivendo, literalmente, atrás das grades. Uma outra nos vem dizer que às vezes não entende a arte, se sente ignorante diante de quadros e esculturas incompreensíveis. E queria, então, saber o que estávamos querendo dizer com esse trabalho.

O rapaz da loja em frente veio conversar conosco sobre o dia anterior, quando ele deu uma entrevista à UniTv, sobre o LAR DOCE LAR. Esta interação com o pessoal que trabalha no shopping tem sido também uma grata surpresa. Estamos conhecendo pessoas das mais diversas áreas, todos muito interessados sempre em saber como está sendo a experiência, de onde surgiu a idéia. E nós acabamos aprendendo muito com eles sobre uma outra realidade, da qual neste momento estamos, de certa forma, fazendo parte. Acabamos, inclusive, descobrindo onde os funcionários buscam sua comida, um lugar bem mais acessível do que a comida do shopping. Muito importante. Por outro lado, trazemos também uma realidade muito diferente para eles.

Dias atrás, quase adoeci. Hoje, foi o Beto. Neste momento, está de cama, no meio do Shopping, com febre...

Posto no blog os escritos de uma semana... Meus olhos ardem. Sinto cheiro de torradas. Hummm... São 17h49min.

Um acontecimento inesperado... Um coquetel de lançamento de um evento de moda, ao lado da nossa obra. Recebemos convite no nosso LAR DOCE LAR, como qualquer pessoa recebe em sua residência. É claro que fomos pessoalmente prestigiar o evento, assim como muitos lojistas e funcionários do shopping. Bebemos champanhe, brindamos, registramos com fotos a vivência, bem como as curiosas bandejas de deliciosos salgadinhos e docinhos, que vinham decoradas com uma fita métrica! Assim que dei-me conta, perdi um pouco o apetite, pensando na metragem da minha cintura após o coquetel. Neuroses femininas...

O encontro no coquetel nos fez perceber que estamos fazendo muitos amigos no shopping. Conversamos muito sobre o nosso trabalho e respondemos a muitas perguntas das pessoas que, enquanto estávamos “em cena”, tinham vontade de se aproximar mas não tinham coragem. Foi uma rica oportunidade de sermos nós mesmos neste ambiente onde, geralmente, somos outras pessoas. Tivemos a chance de perceber esse lugar como um ambiente humano, cheio de pessoas e suas histórias, cada qual com sua vida e em busca da sua felicidade. O shopping, às vezes, não parece humano, tamanha perfeição. É um local quase asséptico, onde tendemos a esquecer a humanidade das coisas e pessoas.

Conhecemos uma curiosa figura, que trabalha com imóveis, cujo cartão anuncia: escritório nos cafés do Moinhos. Ele mantém um site de idéias e invenções, www.idéiadodia.com.br (segundo ele, fora do ar momentaneamente). Criatividade nunca é demais.

Após o coquetel, de volta à instalação, alguns funcionários das lojas vieram nos visitar, conversando sobre música e arte, e sobre seus projetos artísticos quando estão fora dos seus trabalhos convencionais aqui no shopping. A mágica da arte transmutando tudo. Foi uma noite muito especial.

Um comentário:

Jener Gomes disse...

Adorei o que escreveste sobre o ambiente asséptico e as pessoas que vivem nele. Vivem?